Rabiscando as paredes do Sótão

Rabisco paredes a lápis para que a borracha encontre utilidade quando eu errar.

Isabella e o Sensacionalismo da TV

terça-feira, 8 de abril de 2008

Quando termina o Globo Rural, os créditos exibem uma lista de consultores, especialistas em agricultura e pecuária, que ajudam os jornalistas a avaliaros fatos e a produzir o noticiário rural. Os outros telejornais também deveriam contratar especialistas. Sugiro um grupo formado por um filósofo, um sociólogo, um urbanista e um psiquiatra.
 
No caso Isabelle, por exemplo, o grupo de especialistas se ocuparia em demonstrar aos jornalistas que nao se trata de um caso policial, mas sim de um caso de saúde pública, ou melhor, de doença social. Nao é um ladrao que rouba por ganância ou um traficante que busca lucro. Trata-se de um pai, suspeito de defenestrar a própria filha do 6o andar.
 
Sao Paulo, com seus 10 milhoes de habitantes, produz de tempos em tempos algumas aberraçoes sociais que sao, antes de mais nada, casos de patologia. O esquartejador, o médico que dopava adolescentes para praticar abusos sexuais, o estudante que abriu fogo contra a platéia no cinema, vários chacineiros e seriais killers. Estas pessoas necessitam, antes de tudo, dos rigores da lei, sem duvida, mas, logo em seguida, de tratamento médico.
 
Na 6a feira a TV Globo passou toda a manha fazendo entradas ao vivo da frente da delegacia. Nao havia novidades e a repórter repetiu as informaçoes 3, 4 vezes apenas para marcar presença e chamar os telejornais do meio dia. A TV Record usou o caso Isabelle para promover a estréia do jornalista Roberto Cabrini no Domingo Espetacular. Sem contar o velho destempero do Datena.
 
Nao se trata de nao noticiar. Notícia é notícia e tem que ser dada, mas é necessário conceituar os fatos como eles sao. Nao se pode tratar um problema social desta ordem apenas com sensacionalismo.
 
Fonte: BlueBus
 
Não tenho nada a dizer a respeito do caso Isabelle. Nada posso fazer além de lamentar a morte da criança e orar a Deus que conforte as pessoas que a amavam. Mas resolví postar a respeito da violência com que a mídia brasileira lida com o caso. "Violentando" nossas mentes com informações não solicitadas e que, literalmente, não interessam a ninguém mais que as pessoas envolvidas no caso. Porém, a forma como nossa mídia impõe esse assunto, faz com que a grande maioria da população, submissa aos noticiários sensacionalistas, enxerguem a menina como se fosse a própria filha, irmã ou coleguinha, e pior, sofram e chorem por alguém que nunca sequer amaram. Até preletores e ministros, atingidos ou não pelo sensacionalismo gratuito, têm usado a história para amolecer corações de suas platéias.
 
Pra terminar, queria chamar a atenção para uma palavrinha: temperança (ou domínio próprio). Nem frieza, nem indiferença, mas temperança.

Postado por Seloti às 3:58 PM

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2 comentários:

Muito bom o seu post, mas eu gostaria de fazer uma pequena reclamação: algumas palavras não estão acentuadas e outras não levam acento(resolvi).

Anônimo disse...
sexta-feira, abril 18, 2008 8:38:00 AM  

o texto não acentuado é do Blue Bus, isso tem se tornado prática na net, e é de propósito mesmo...
o erro de português é meu mesmo, bota na conta do Papa...

Seloti disse...
segunda-feira, abril 21, 2008 4:09:00 AM  

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