Rabiscando as paredes do Sótão

Rabisco paredes a lápis para que a borracha encontre utilidade quando eu errar.

Revel@dos pela WEB

sábado, 3 de maio de 2008

Ela só precisou de um violão para ficar famosa. Depois de colocar sua primeira música no site MySpace, composta por ela e gravada na sua própria casa em dezembro do ano passado, Mallu Magalhães se tornou uma referência no cenário nacional de rock alternativo. Em apenas três meses, a garota de 15 anos e quatro canções já estava na agenda de festivais de música independente de São Paulo, Brasília, Porto Alegre e Rio de Janeiro. Desde então, não pára de receber ligações de gravadoras que batalham contratos de exclusividade. Na última semana de abril, a jovem consolidou seu sucesso repentino. Mallu foi uma das atrações da Virada Cultural, festival gratuito anual na capital paulista, que reuniu 3,5 milhões de pessoas neste ano. “É maravilhoso poder cantar para uma multidão a céu aberto”, diz a menina, de voz doce e atitude madura, que desde os cinco anos ouve Beatles e Led Zeppelin, tocados no violão ou assobiados pelo seu pai, um engenheiro apaixonado por música. “Meus pais me apóiam muito e entendem que às vezes preciso faltar às aulas para ensaiar”, diz Mallu, que passa cerca de seis horas por dia nas lojas à procura de CDs raros e, no resto do tempo livre, pesquisa na internet sobre artistas de canções folk.

Histórias semelhantes à de Mallu pipocam pelo Brasil. Nem em seus mais distantes sonhos a paulista Laura Neiva, 14 anos, que nunca fez aulas de teatro, imaginava receber um papel importante no filme À deriva, de Heitor Dhalia, diretor do longa O cheiro do ralo. Através de uma despretensiosa página no Orkut, a menina foi localizada pela equipe de produção do filme em setembro do ano passado e convidada para testes. “Achei uma loucura. Como alguém podia achar que eu aceitaria um convite feito pela internet?”, conta a garota. Numa coincidência do destino, uma das suas amigas conhecia um professor de teatro que reconheceu a pessoa que deixou o recado no Orkut. Três meses depois, Laura aceitou o convite. Após três dias de oficina de teatro, ela esbanjou talento e ganhou o papel de filha da atriz Débora Bloch com o ator francês Vincent Cassel. “Ela superou as nossas expectativas. Procurávamos apenas uma menina bonita, desconhecida do público. Achamos mais do que isso. Uma futura grande atriz”, garante Chico Acioly, preparador de elenco do filme.

A indústria cultural precisa se reciclar e apresentar “caras novas” ao mercado todos os anos, o que fomenta uma rede de “olheiros” (caçadores de talentos), ávidos por novas possibilidades de investimento. São profissionais que navegam diariamente por sites, blogs, fotologs e comunidades em busca de artistas desconhecidos. “A gente está sempre de olho no que rola pela internet, e usa como critério o que é bem feito e o que pode render um retorno do público”, afirma Luiz Pimentel, gerente de conteúdo do MySpace Brasil. A internet, vista no passado como uma ameaça às gravadoras, se tornou parceira das empresas. “A rede virtual facilita a divulgação de produtos e o encontro de novos talentos, além de democratizar a comunicação com o público”, opina Marcelo Soares, diretor de novos negócios da Som Livre.

Com a rede, a resposta do mercado é rápida e pode surpreender até mesmo os mais talentosos. Fechar contratos com grandes empresas e fornecer conteúdos para sites de marcas consolidadas não estava nos planos de André Czarnobai, 28 anos, quando ele estudava jornalismo na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Durante uma greve da faculdade em 1997, ele decidiu se comunicar com os amigos via e-mail através de um tipo de publicação informal de baixo custo, conhecida entre jornalistas como fanzine. Os textos agradaram tanto que, em quatro meses, André e oito colaboradores transformaram o fanzine na revista eletrônica Cardosonline, em homenagem ao apelido que o autor tinha na faculdade. Em 2001, a revista tinha cinco mil assinantes e mais de 300 colaboradores. Em 2002, o jovem inquieto descobriu o mundo dos blogs e, desde então, percebeu que as suas idéias poderiam render bons contratos.

O sucesso dos seus textos humorísticos, que mesclam ficção e realidade em narrativas literárias, levou uma editora gaúcha a propor a compilação dos contos num livro. Em 2005, foi publicada a obra Tavernas e concubinas, que levou Czarnobai a fechar parcerias com agências de publicidade no Brasil, México, na Colômbia e Argentina. Há um mês produziu um documentário para a GNT, presta “consultoria criativa” para o mercado audiovisual e já prepara um novo blog. “Sempre procurei fazer tudo por conta própria em vias alternativas, sem esperar que as coisas aconteçam”, comenta. Com tantos bons exemplos de sucesso e possibilidades no mercado, cabe aos novos artistas usar, e abusar, da internet. É de graça e funciona.



Fonte: Terra/IstoÉ

Postado por Seloti às 12:45 PM

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